Certa vez li em algum lugar que uma pessoa afastada da
religião, tendo procurado um templo católico por ocasião de uma grave
dificuldade, parava sempre diante da imagem que representa o Sagrado Coração de
Jesus, ou seja, Jesus, o Senhor, que aponta para o próprio peito e mostra seu
coração ferido pela lança, cercado de espinhos e encimado pela cruz.
Porque esta pessoa parava sempre diante da imagem do
Coração de Jesus? Porque mesmo sem entender muito bem do que se tratava,
percebia que aquele homem que lhe mostrava o coração ferido participava de suas
dores, de suas dificuldades e… (porque não?) de suas alegrias mais profundas.
O coração é um símbolo poderoso. Mesmo em nossos dias
orgulhosamente científicos, quando sabemos perfeitamente que o coração é apenas
uma magnífica “máquina” de bombear sangue, a imagem de um coração ainda nos
remete a algo mais profundo, que nos move interiormente e impulsiona nossa vida
para frente, aquilo que nos faz imagem e semelhança de Deus, a capacidade de
sentir, de amar… Sim. Deus é Amor (cf. 1 Jo 4,8) e fonte de todo amor (cf. 1 Jo
4,7). Ele é a fonte da qual brota o amor que nos une uns aos outros e,
portanto, do amor que une os casais cristãos.
De fato, somos seres sociais (impossível pensar o ser
humano “puro” sem uma sociedade que lhe dê uma identidade, uma língua, uma
cultura…) e a “célula” básica da sociedade é a família. Somos seres sociais
porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gên 1,26) e Deus é uma
“sociedade” uma comunidade de amor… Pai, Filho e Espírito Santo. Deus é amor, e
nós também, ou pelo menos tendemos para este belo ideal… amar como Ele ama (cf.
Jo 13,34).
Qual a relação de tudo isto que foi dito com o dia dos
namorados e com o Coração de Jesus? Ora, Deus é amor, o amor tende a
“transbordar-se” e isto explica o porquê de Deus ter decidido livremente criar
a cada um de nós… Deus ama a si mesmo, é uma comunidade de amor pois o amor
exige um amante (Pai), um amado (Filho) e o vínculo que os une (Espírito
Santo), e isto explica o porquê de sermos todos “imagem” de Deus. Ser imagem de
Deus nos faz “dignos” de ser amados, nos faz… filhos.
Isso mesmo! Deus nos ama e enxerga em nós seus filhos
queridos… e nós… nós fazemos o caminho contrário. De muitos que somos, tendemos
à unidade… e quando dois seres humanos se unem, homem e mulher… tornam-se um…
mas por um ato da incrível lógica de Deus, tornam-se também três, pois abrem-se
à geração de uma nova vida diferente da deles.
O amor tende ao transbordamento
(por isso o Sagrado Coração aparece aberto pela lança) e tende à união (por
isso esta mesma abertura nos atrai para dentro de si como atraiu a pessoa do
primeiro parágrafo). Um casal também tende à unidade de vida tanto quanto tende
ao transbordamento de si mesmos que culmina na geração de uma terceira pessoa.
Tudo isto é o mistério de Deus e, de certa forma também o mistério humano e o
mistério da família, do matrimônio, da paternidade, da maternidade, da
filiação…
… vocês caros casais de namorados… já tinham pensado em
tudo isto?
Por Pe. Rodrigo Jovita Ubaldo
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